quarta-feira, 6 de junho de 2018

Acordei assim...


Evitar discussões que levam a cicatrizes, evitar falar que se está triste em 10% do tempo porque conselhos nem sempre são bons, evitar dizer que se está feliz 90% do tempo porque nem todo mundo aceita bem lá no seu interior... Quem nunca fez isso? Quem alguma vez se arrependeu disso? Quem nunca conseguiu? Tanto faz, o que se diz nem sempre é o que se faz, seguimos tentando. Um dia me disseram que amigos devem ser conquistados todos os dias, nem que seja necessário dar um bombom a cada um. Um dia me disseram que é assim que mantemos amigos e fazemos novos - mas principalmente sem se meter em detalhes da vida da pessoa, porque cada um conta o que quer. Hoje as pessoas só querem sugar alguma informação da sua vida para contar a alguém, para saber quanto você ganha, quanto gastou, quem chifrou quem, quem foi demitido por quem, quem foi despejado, quem contou a fofoca primeiro, etc. Se hoje não me tornei escritora não foi porque não me esforcei, foi porque cansei de me esforçar e percebi que no Brasil não há retorno. Eu poderia estar escrevendo um livro agora, contando toda a minha insatisfação, dor, entusiasmo, perseverança, crueldade - ou seja, emprestando sentimentos diversos - para meus personagens; só que aqui não há leitores, especialmente leitores que gostem de escritores brasileiros. E é por isso que eu não invisto no meu pobre livro guardado que demorei tanto para escrever. Gastar 10 mil ou mais para publicar não está fácil. Desisto porque é menos cansativo e porque é mais inteligente. Hoje foi apenas um dia confuso, um dia que me obrigou a pensar, filosofar. Sinto-me uma sofista, dentro de um romance inverossímil. A partir de hoje não serei mais Carol Utinguassu, e sim Lina Rosa - meu pseudônimo.

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