sexta-feira, 27 de março de 2015

COISAS QUE NÃO SABEMOS QUE GOSTAMOS

   Sempre odiei vendedores insistentes e achava que todas as espécies deles eram iguais. Certo dia resolvi pedir emprego em uma loja de material de construção (sim, a Anastásia dos 50 tons roubou a minha história), afinal, sou técnica em Edificações (aí você me pergunta:técnica em quê?). Pois é, eu estava cansada de trabalhar em obras, com projetos, etc. Então fiquei durante quatro anos nessa madeireira, popularmente assim denominada. Tornei-me uma das melhores funcionárias, vendia tudo o que eu queria, visando o "bem" do meu cliente, é claro. Vendedora, não! Mas, sim, consultora de vendas. Aprendi muitas técnicas, passei a ser carismática, brincalhona e despachada. Nada como o tempo pra me ensinar que eu podia gostar daquilo que eu odeio nos outros!
   Após mais algum tempo, percebi que aquilo era muito pouco para mim, pelo lado profissional; e por outro lado, muito estresse e cansaço físico. Quem mandou não estudar? Ok, um curso técnico já é alguma coisa, mas chega um ponto em que o salário não sobe, o que sobe são as incomodações!
Resolvi fazer curso de inglês. Nossa, havia esquecido como sempre tive facilidade com linguagem, lembro-me de um dia em que eu atendia uma cliente e ela escreveu no verso do seu pedido de entrega um roteiro de como chegar ao seu endereço. Quando eu fui ler, comecei a corrigir todos os erros que via pela frente! Que vergonha, a mulher se desculpou pelo seu português ruim e eu não sabia aonde me enfiar!
   Em seguida fiz vestibular e entrei para a faculdade de Licenciatura em Letras (inglês), apesar de nunca ter pensado em ser professora. Odiava essa ideia. Por quê? Pela falta de reconhecimento do governo com esses grandes profissionais e por medo de não ter paciência para passar meu aprendizado aos estudantes. Porém, sabia que chegaria a hora de fazer meus estágios. No primeiro, dei aula para estudantes acadêmicos, na própria universidade. Surgiu essa possibilidade, em vez de dar aula para o ensino fundamental, e eu agarrei rapidamente. Nesse período, eu quase não tinha sonhos que não fossem das didáticas que eu deveria fazer com eles relacionadas ao programa do curso. Aliás, tornaram-se pesadelos, principalmente porque eu deveria falar em tempo integral em inglês, como a professora deles. Mas passou, e os alunos chegaram até a me elogiar! Que alegria! Saí da sala de aula sorrindo pelo meu “good job” e por ter terminado o sofrimento de planejar aula naquele semestre.
   Depois, no meu segundo estágio, dei aulas para o ensino médio. No entanto, foi diferente porque eu pude criar meu tema livremente, ou seja, utilizei a literatura (que é o meu chão) para fazê-los interagir contando histórias de diferentes formas, em inglês. Eles amaram e participaram o tempo todo. Como eu faço parte de um projeto de docência da Capes (outra coisa que resolvi fazer no impulso, mas que acabei gostando), já estava habituada com pré-adolescentes e adolescentes de até 16 anos.
Se você me perguntar se foi bom, imagine que saí da escola, no último de dia de estágio, com vontade de chorar. Sabe aquela pressão nas amígdalas? Comecei a senti-la quando vários alunos vieram me abraçar.

   Como não se apaixonar por pessoinhas carinhosas que, percebe-se, só precisam de aulas mais atraentes para gostar de estudar? Como não se tornar amiga desses jovens lindos? Realmente, a vida surpreende. E você nunca saberá se gosta de pimenta sem experimentá-la.

domingo, 15 de março de 2015

Manual de convivência amorosa

     Você está enfrentando problemas a ponto de ligar para todas as amigas para ter certeza de que não está louca? Normal. Quando se começa um novo romance, temos a sensação de que a historia não irá longe ao aparecerem os primeiros desentendimentos. Porém, com o tempo, os laços vão se fortificando até que se percebe que aquela pessoa é quem nos traz emoção e felicidade, que vem com a paixão, o amor. 
     Certamente a experiência de morar com alguém é, acima de tudo, um desafio. Comigo não foi diferente. Brigas bobas que parecem ser o fim da picada na hora do quebra-quebra; palavras duras são ditas e outras piores vêm à tona. Um turbilhão de sentimentos, corações pulando pela garganta, falta de ar, rios de lágrimas... Até que haja um comum acordo, um respeito mútuo, um carinho recíproco. Sendo assim, passando dos seis meses pode-se dizer que o teste foi satisfatório. Se não passar disso, com certeza o amor entre o casal não foi maduro o bastante para lidar com as regras básicas de convivência amorosa... O que quero dizer? Bem, é muito simples: para que você seja bem-sucedido neste "negócio" não é necessário um manual de convivência amorosa de trezentas páginas. Você precisa apenas aprender (e ensinar) que o casal deve se tratar como ótimos amigos. Você não distrata um grande amigo, não é mesmo?
     Na sequência da receita, aprenda a ter paciência, respirar fundo e relevar "muitas" das coisas cuja importância seja insignificante perto do estresse que incomoda tanto a vida a dois.
Cobranças em demasia prejudicam o bem-estar e o apreço entre o casal, assim como discussões em público enfraquecem qualquer relação (brigue apenas com o olhar, fuja do mico e da raiva que isso pode causar). Existe hora certa, tom de voz adequado e tempo limite para debater ou tentar mudar manias (cuidado nesta hora, cada pessoa tem uma mania mais esquisita que a outra; não vale a pena um confronto frequente).
     E não esqueça de regar seu relacionamento; aprecie a companhia, elogie seu par seguidamente, faça surpresas periódicas e fuja da rotina. Isso tudo fará o casamento se tornar algo maravilhoso, não custa tentar ser feliz! Desentendimentos sempre irão acontecer, mas não podem durar mais de uma hora. Em caso de pane, reinicie o sistema e repita as operações indicadas anteriormente. 

sábado, 14 de março de 2015

A escolha do lugar


Vamos pensar na expressão popular "cada um no seu quadrado", É bem verdade que escolhemos estranhamente sempre o mesmo lugar para sentar quando frequentamos determinado local várias vezes na semana. Mas comecei a notar algo em mim mais curioso ainda: em cada lugar que frequento o cantinho que escolho para me acomodar difere. Por exemplo, na sala de aula gosto da metade da sala esquerda; na aula de dança do ventre escolho o lado direito da sala; na aula de zumba prefiro o lado esquerdo perto da professora; no treino de hapkido gosto mais do lado direito, na aula de treinamento suspenso e bike, gosto de ficar no meio da sala, bem em frente ao professor(a). Porém, em casa me acomodo em diversos lugares muito bem. Por que será?

Andei pensando sobre as energias dos ambientes, apesar de eu não ser o tipo de pessoa sensível. Ao menos nunca vi a aura de ninguém ou senti calafrios e tonturas dependendo das pessoas ou local.
Por isso comecei a trocar os lugares, afinal todos têm o direito de experimentar cada quadrado. Mas, quer saber? Começar a criar um padrão de localização parece doença. Mesmo sem saber se percebo diferenças energéticas inconscientemente, melhor continuar ficando onde me apetece.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Sobre o filme A Teoria de Tudo

A história do gênio Stephen Hawking não é desconhecida. Todos sabem da sua situação atual, em que o cosmólogo vive preso em um corpo e apenas consegue fazer suas ideias serem ouvidas por meio de uma voz metálica através de uma tecnologia fantástica. Chorei baixo durante o filme quando ele começou com os primeiros sintomas da doença motora degenerativa. Sua namorada se mostrou forte o bastante para ficar ao lado dele e, inclusive, se casaram e tiveram três filhos lindos após o diagnóstico. As cenas me emocionaram muito, pois é raro vermos um amor tão grande capaz de lidar com a pré-morte a qual foram levados a acreditar que duraria dois anos. Fiquei impressionada com o humor dele e a forma como ainda era galanteador e confiante. Em pensar que muitas pessoas se acham incapazes de amar novamente quando julgam seus problemas de saúde um empecilho. No entanto, o cientista - assim que soube que havia encontrado outra pessoa mais preparada para a situação, que o admirava e apreciava cuidar dele - liberou sua já cansada esposa para seguir sua vida. Aposto que se ele não a tivesse dispensado, indo viajar com a enfermeira, ela o acompanharia até hoje.  Chorei alto no final do filme. Céus, como pode ser possível alguém com tão forte senso de humor e força? Lógico que o que vimos é apenas a melhor parte... O universo é algo muito louco mesmo, tão louco que ás vezes dá pra sentir a explosão das estrelas, a formação do buraco negro e a extinção desse buraco negro no interior do peito... Afinal, tudo passa e se transforma, não é mesmo? Sempre digo que nada importa mais do que a saúde... Mas pensando bem, nada importa mais do que a mente. Tudo o que existe em nossas vidas é resultado das somas e subtrações que fazemos, das nossas atitudes. Meu Mestre de Hapkido sempre diz que a dor é nossa amiga, mas ela também me assusta. Antes eu gostava mais de senti-la, pois é sinal de vida mesmo. Porém, sentir fisgadas é indício de quebra, esfarelamento e, portanto, há que se cuidar para não confundir a dor amiga da dor malvada. Para ser honesta, já sinto menos dor agora, já posso parar de escrever.