quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Sobre JACINTO, personagem de “A CIDADE E AS SERRAS, de Eça de Queirós



Jacinto era um homem muito rico e nobre, chamado diversas vezes pelo seu amigo e narrador, Zé Fernandes, de "meu Príncipe". Levemente curvado, elegante, sustentava uma bengala grossa com castão de cristal, mantinha o cabelo e bigode sempre bem escovado.   Imaginava até metade de sua vida, morando na Cidade de Paris, que a felicidade e os prazeres da vida provinham de Saber e de Poder, fórmula esta criada na sua seguinte equação metafísica: Suma ciência + Suma potência = Suma felicidade.
Com este entendimento, nada mais útil que uma biblioteca com mais de trinta mil volumes para alimentar sua cultura, tinha muitos tipos de águas, invenções sempre novas de máquinas com diversas utilidades, inclusive para simplesmente abotoar as ceroulas. Mas com o tempo este Jacinto se viu triste, sem atrativos, com milhares de compromissos que não traziam beleza à sua vida. Passou então a perceber que a tranquilidade que necessitava, não existia junto com os desejos que o preocupavam. Na Cidade havia ilusões e falsas delícias. Só encontrou harmonia e equilíbrio no momento em que seguiu rumo à Serra, em Tormes. Passou a perceber que a inteligência, no campo, se libertava e o pensamento ia longe, comprou apenas livros de agricultura, para aprender como semear, a época de plantar e colher os vegetais e o tempo de espera do crescimento das árvores que queria plantar. Lá ele visitou parentes de Zé Fernandes, passou por diversas casas, muito diferentes dos lugares que já havia passado como Veneza, Paris, Londres e Lisboa. Descobriu que todos os dias havia uma inesgotável diversidade de formas nos vegetais e plantas, já na Cidade havia mesmice de casas, costumes inúteis e falta de beleza interior. A verdade de existência estava no campo e os sentimentos mais humanos também. Casou-se com Joaninha, prima de Zé Fernandes, teve dois filhos: Jacintinho e Terezinha. Jacinto brotou para a vida, como disse o grilo. O galho seco da Cidade foi plantado na serra, criara seiva, criara raízes, engroçara o tronco, dera frutos, derramando sombra.
Há frases muito bonitas no livro como:
“Somos moléculas do mesmo corpo, onde circula, como sangue, o mesmo Deus.”
“Na Cidade nunca se olham ou se sentem os astros, na serra há comunhão com o Universo.”
“Equilíbrio da vida estabelecido, e com ele a Grã-Ventura.”

Machado de Assis foi extremamente destemido em fazer críticas de que as obras de Eça de Queirós são imitações, dizendo que O Crime do Padre Amaro é imitação do romance de Zola La Faute de l'Abbé Mouret), que não emocionam nem prendem o leitor(como em Primo Basílio, onde caso não houvesse o fato da chantagem de Juliana com as cartas escritas por Luiza ao seu amante, seria uma história sem nada de interessante). Para Machado de Assis, o fato de Eça de Queirós ser muito descritivo e algumas vezes fora da realidade, acabaria por matar o Realismo no próprio berço. Aconselha, então, aos defensores das Obras de Eça a lerem novamente os romances para prestaram atenção às imperfeições. Além disso, critica a linguagem que não é poeticamente literária e suas cenas eróticas são abusivas. Apesar disso, diz ser admirador de Eça de Queirós.

Diversas vezes, eu lendo o livro, me peguei dormindo. Realmente é minuciosamente descritivo, mas de resto aproveitei muito a leitura no sentido de que tive mais certeza ainda que, tanto antigamente como nos dias atuais, é ruim saber de tudo um pouco. É como se você fosse um funcionário “Pato”. O pato faz tudo, canta, corre, voa. Pena que não se especializou em nenhuma destas funções, desempenha todas mal.
É importante que as pessoas consigam perceber o ponto de equilíbrio, nem tanto à serra, nem tanto à cidade. Não cometer exageros, mas também não se acomodar. O ponto de equilíbrio é aquele em que você está no mar e a água bate na cintura, se der um passo e tiver um buraco à frente, não irá se afogar. Se der um passo para trás, ainda poderá boiar. É o ponto onde não quebram as ondas.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

APRENDIZADO

Enfim, chegou a hora de me apresentar na UniRitter, foi no dia 08 de Novembro, faltei ao meu novo emprego - onde exerço minha função tão esperada de revisora de textos - mas foi por uma boa causa. Falei para a Banca com muita empolgação e certeza. É incrível como passar adiante é importante para a pesquisa se tornar mais concreta. Não sei, no entanto, o que é pior: se passar por uma Banca de professoras que já leram e conhecem os mistérios da Obra de Osman Lins, ou passar por uma Banca de professoras que nunca leram sobre. Principalmente pelo tempo de apresentação - apenas dez minutos e mais dez para elas fazerem as devidas perguntas - isto se torna o maior motivo de preocupação antes do evento.
Mas no fim, correu tudo bem, meu cartaz (feito pelo meu esposo que é estudante de Marketing e o fez com muita criatividade) ficou lindo, bem característico e explicativo. 
Na semana seguinte fui a um Congresso com o escritor Moçambicano MIA COUTO e percebi que por ser Biólogo também é adepto da Ecocrítica. É maravilhoso sentir que meus pensamentos se igualam a um escritor tão experiente e talentoso.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

PESQUISA

Tive a ideia de fazer um blog após me apresentar pela primeira vez no Salão de Iniciação Científica da PUCRS. Evidentemente que todos estavam muito nervosos, inclusive nos dois primeiros minutos senti meu rosto enrubecer, minha respiração falhar e minha voz soava tremida. Após este período de ida e vinda do "inferno", foi interessante minha passagem para o estado de "super confiança". Logo consegui ser capaz de falar a respeito de minha pesquisa, que trata da Obra Avalovara do escritor Pernambucano Osman Lins, sob a perspectiva da Ecocrítica. Tive uma boa nota e o próximo passo é apresentar na minha universidade, UniRitter. Nunca pensei que este tema me traria tanto conhecimento e entendimento a respeito da natureza e seres em geral. Este estudo relaciona os seres humanos e não humanos no espaço natural, ou seja, mostrando que não há diferença ou linha que separe os humanos dos animais. De fato, os animais tem sentimentos(dor, alegria, tristeza, expectativa, carinho) e são racionais como nós, cada um de sua maneira, tem sua própria cultura que é passada a cada novo ser e suas estratégias de sobrevivência. Nesta obra, podemos identificar diversos momentos e integração entre os seres e elementos da natureza dando ideia do cosmos. Por hora, não irei me extender a este respeito, pois é uma leitura complexa e regada por simbolismos, referências aos seres Mitológicos, Cidades Européias, personagens híbridos e intertextualidades relativas a outros autores, pintores e escultores. Sim, uma verdadeira obra de arte.