Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro (argentino),
conta a história do personagem Benjamin Espósito (Ricardo Darín) que, alguns anos
depois de se aposentar, decide voltar a um crime no qual trabalhou enquanto
perito, cuja solução ficou adormecida por 25 anos. Ele era subordinado à
advogada Irene, pela qual era apaixonado, mas nunca acreditara neste amor por
parecerem de mundos e classes sociais muito diferentes. Seu funcionário, Pablo,
se propôs a ajudá-lo na época em que ocorreu o crime. Primeiramente, esse caso,
denominado caso 25, não era para ser seu. Porém, o convenceram a trabalhar nele
e, após estar envolvido, nunca mais conseguira sair dele. Tratava-se de um
crime de estupro com morte, de uma jovem professora de 23 anos, casada.
O viúvo dela, Moráles, em um dos seus encontros na busca de
solucionar o caso, perguntara a Espósito qual seria a pena para esse tipo de
crime e obteve a resposta: prisão perpétua. Nessa etapa da investigação, foram
forjados três culpados, que eram operários de uma obra próxima à casa da vítima.
Espósito, após sua própria investigação em álbuns da moça, que se chamava
Lilliana Colotto, percebe o olhar pervertido de um homem que olhava para ela em
uma das fotos, como se estivesse a adorá-la doentiamente. Ele resolve checar
quem é esse indivíduo e descobre, por meio de telefonemas a sua mãe, que esse tal
Isidoro Gómes e Lilliana foram namorados de infância e que ele partira de Buenos
Aires recentemente. Depois, descobriu que ele havia trocado de nome cinco
vezes.
Pablo era alcoólatra e muitas vezes já havia causado
problemas a Espósito; estava, portanto, devendo favores a ele. Certo dia, os
dois seguem para a casa da mãe de Gómes a fim de encontrar cartas dele com
endereço atual, mas acaba sendo um desastre essa missão, pois eles são
descobertos. Por conta disso, Irene é forçada a arquivar o caso. Contudo, Pablo
que, assim como Espósito, não consegue tirar o caso da cabeça, reflete que um
homem pode mudar de tudo: mulher, nome, religião, endereço, rosto... Mas um
homem nunca abandona uma paixão. Ele descobre isso ao analisar as cartas
roubadas, pois em todas elas há códigos relacionados aos jogadores de futebol
do Racing. Ou seja, ele era torcedor fanático e poderiam encontrá-lo,
justamente, em um jogo do time.
Após muitas tentativas, de diversos jogos, eles encontram
finalmente Gómes e começa uma caçada fenomenal ao criminoso dentro do estádio. Quando
finalmente conseguem prendê-lo, Espósito começa a interrogá-lo, mas sem muitas
perspectivas de sucesso. Até que Irene entra na sala para avisá-lo que não
estavam encontrando Pablo e, para isso, ela abaixou-se levemente à altura dos
ouvidos de Espósito, o que chamou a atenção dos olhos perversos de Gómes, que os
fixou nos seios dela. Irene percebe esse olhar doentio e passa a utilizar uma
tática para que ele se entregue, dizendo que ele nunca poderia ter feito sexo
com uma amazona daquelas, pois não passava de um franguinho, não teria
capacidade de domá-la, pois ela era uma mulher, e não uma rapariga que
aceitaria qualquer um. Ela baixou tanto
a moral do homem que ele enraiveceu-se a ponto de abrir as calças e mostrar o
seu pênis. Os dois discutiram, ele deu um tapa no rosto de Irene e os guardas o
seguraram, mas ele já havia confessado o crime, como se esperava. Certamente
ele estuprara e matara por se achar capaz, e Irene sabia que um homem não
aceitaria tal dúvida a seu respeito.
Pouco tempo depois, ele foi solto por ser útil em outros
assuntos do delegado, que não gostava de Espósito. Quando Pablo é assassinado
no lugar dele, Espósito decide ir embora mesmo sabendo que Irene corresponde o
seu amor. Ela o chama de lerdo, mas ele se vai para Jujuy, voltando só depois
de 25 anos, quando a procura para mostrar o romance que escrevia baseado neste
caso 25. Entretanto, agora ela está casada e tem dois filhos, mas o apoia no
romance. Além de Irene, ele procura Moráles, pois desconfiava que fora ordem
dele para matarem-no, afinal, os retratos em sua casa foram abaixados por
Pablo, ele morreu se passando pelo amigo. Moráles afirma que a vida é assim
mesmo, pessoas se vão e o que resta são as recordações, e diz, também, que pare
de pensar, pois senão terá mil passados e nenhum futuro. Não pense mais.
Evidentemente, Espósito vai embora pensando. Mas não vai
longe; retorna à casa mais tarde e se depara com o porão iluminado na casa de
Moráles, onde se encontra preso Gómes. Neste instante, o prisioneiro se
aproxima da grade e pede que Espósito ao menos peça que Moráles fale com ele. Moráles
olha para Espósito e reafirma: “você disse prisão perpétua”.
Então, após essa impactante descoberta, no dia seguinte
Espósito procura Irene mostrando algo diferente no olhar. Ela manda,
esperançosa, seu assistente fechar a porta. Ela sorri e diz que será
complicado, mas, desta vez, ele diz que não se importa. Enfim, os mil passados
ficam atrás da porta, fechados, e o futuro pode ter uma chance.
Este é um ótimo romance de suspense, em nenhum momento o
espectador prevê o que acontecerá, simplesmente parece que o criminoso está
solto e que o viúvo seguiu sua vida insignificante satisfeito por ter causado
uma perda ao perito que não foi capaz de cumprir com sua palavra de prisão
perpétua. Porém, esse perito foi longe no olhar que estava na foto, buscou
informações, foi a fundo naquele segredo, mas não obteve apoio da justiça. E o
olhar da vítima, o olhar do esposo lesado, o amigo morto em seu apartamento, foi
o que ficou na sua memória por 25 anos e, provavelmente, aumentou o medo de
amar. É um grande filme, digno de Oscar.