Ele recebeu o telefonema tarde, alguém pedindo sua ajuda para um
trabalho árduo. Se não fosse um negócio consideravelmente bom, certo que não
iria, mas há muito tempo queria fazê-lo pessoalmente. O momento era esse. A
recompensa seria compensatória. Dirige-se a uma estante e pega abaixo dela uma
caixa grande. Sim, tinha que sair logo, mas seria breve. Acha finalmente seu machado. Seria suficiente. De estômago
vazio, pega as chaves e sai, está com suas botas
pretas, colocadas propositadamente para não manchar de sangue, uma camisa marrom e na calça Jeans velha, seu facão.
Ninguém no trânsito, ausência de buzinas. Seu olhar analítico já sabia de cor
onde seria a execução, uma pupila
vidrada e impaciente. Luzes ofuscavam nos luminosos por onde passava, mas não
havia mais nada nem ninguém. Logo que avistou uma delegacia virou na esquina
anterior rapidamente. O seu sangue frio o fazia acelerar, só de pensar que ela
fugisse. Chegou a uma casa verde e branca, como eram muitas outras casas deste
mesmo bairro, desta cidade vazia. A casa, porém, parecia ser o único lugar com
gente acordada, tudo estava calmo. Teria que ser rápido para não ouvirem os
gritos. Ele tinha a manha. Estacionou com perfeição fazendo apenas duas
manobras. Abriu a porta, após alguns passos pela grama molhada e quando ouviu
vozes parou. Olhou em volta, pegou o facão
por precaução. Percebeu que havia alguns desconhecidos, o que talvez não fosse
uma boa ideia. Entrou pela porta sem olhar para trás, no fundo do corredor
passou por uma mesa com bebidas e não fez cerimônia, tomou um copo de cerveja,
entrou no pátio e lá estava ela, atrás da cerca correndo, cambaleando e com
seus olhos arregalados. Estava machucada em uma das pernas. Quem o solicitou o
esperava em frente, um ar sério e cansado, cabelos brancos, vestindo um pijama
amassado e usando pantufas:
- Meu filho, sei que não é uma boa hora, mas estou velho para essas
coisas, pelo o que sei, tu ainda não jantou, então se tu quer comer, vai ter
que dar um jeito nessa galinha. Ela só grita e corre o tempo todo! – e então obedecendo
ao velho pai, o gaúcho olhou para a
galinha, entrou na cerca e a golpeou de uma vez só. Missão cumprida.
Valeu Carol, Parabéns!!!
ResponderExcluirMarcos Flores